Menu

TDAH é transtorno ou sintoma?

Cerca de 7,6% das crianças e adolescentes brasileiros têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Mas, apesar do crescente conhecimento público e conscientização, ainda existe muita informação incorreta a respeito, como a afirmação de que o TDAH não é um transtorno, mas sim um conjunto de sintomas causados por fatores externos essencialmente, o que pode prejudicar a saúde e estigmatizar quem convive com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Então, continue a leitura para saber:

  • Por que o TDAH é considerado um transtorno mental?
  • Quais as possíveis causas do TDAH?
  • Quais são os tipos de TDAH e quais sinais e sintomas cada um pode provocar?
  • Por que o TDAH carrega um estigma?
  • Quais danos a estigmatização do TDAH pode causar?
  • Quais problemas o TDAH sem tratamento pode causar para crianças, jovens e adultos?
  • Como é o tratamento do TDAH?

Por que o TDAH é considerado um transtorno mental?

O TDAH é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns que afetam as crianças. No mundo, o número de casos nessa faixa etária varia entre 5% e 8%. Já no Brasil, é estimado que 7,6% das crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos têm o transtorno, que também está presente em 5,2% das pessoas entre 18 e 44 anos e em 6,1% de quem tem mais de 44 anos.

Alterações cerebrais – apesar de existir uma crença contrária, o TDAH é classificado como um transtorno mental porque envolve disfunções no funcionamento do cérebro que afetam as funções executivas dele, responsáveis pela regulação de comportamentos sociais e habilidades cognitivas, o que pode ter várias consequências, por exemplo:

  • Dificuldade em planejar e organizar atividades;
  • Dificuldade em concluir uma tarefa e cumprir prazos;
  • Dificuldade em manter o foco;
  • Dificuldade para alternar a atenção entre tarefas;
  • Problemas para regular as emoções;
  • Problemas com motivação;
  • Impulsividade e tomada de decisões erradas;
  • Ser mentalmente rígido e/ou inflexível;
  • Atrasar-se para compromissos, eventos, reuniões ou atividades sociais;
  • Perder itens importantes e esquecer detalhes.

Evidências científicas – são tão conclusivas, que o TDAH é reconhecido como um transtorno mental específico pelas duas principais classificações internacionais de doenças e transtornos, que são adotadas no mundo todo:

  • A 10ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10), da Organização Mundial da Saúde;
  • A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), da Associação Americana de Psiquiatria.

Quais as possíveis causas do TDAH?

Não se sabe ainda o que, exatamente, causa o TDAH. Ele pode ser resultado de uma série de fatores, tais como:

  • Genética, pois a hereditariedade estimada do TDAH se aproxima de 80%, o que sugere um componente genético significativo no contexto da origem do transtorno;
  • Alterações na estrutura e funcionamento do cérebro, como o córtex pré-frontal e o sistema dopaminérgico;
  • Exposição a determinados fatores ambientais durante o desenvolvimento fetal ou na infância, como prematuridade ou consumo de tabaco e álcool pela mãe durante a gravidez;
  • Distúrbios no desenvolvimento do sistema nervoso central.

Quais são os tipos de TDAH e quais sinais e sintomas cada um pode provocar?

O TDAH pode se manifestar de três formas diferentes, dependendo de quais sintomas são mais fortes.

Tipo desatento – dificuldade em organizar ou terminar uma tarefa, prestar atenção aos detalhes ou seguir instruções. A pessoa se distrai facilmente ou esquece detalhes da rotina diária.

Tipo hiperativo-impulsivo – incapacidade de ficar parado em situações nas quais é esperado. As crianças menores podem correr, saltar ou escalar lugares inadequados. Também falam excessivamente, têm dificuldade em esperar a sua vez e ficam excessivamente agitadas e inquietas.

Tipo combinado – este é o tipo mais comum de TDAH e envolve uma combinação de sintomas de desatenção com hiperatividade e impulsividade.

Por que o TDAH carrega um estigma?

Apesar das evidências científicas, muitas pessoas não acreditam que o TDAH seja uma condição médica e até o enxergam como uma desculpa para desleixo ou preguiça. Frequentemente, as manifestações de TDAH são confundidas com traços de caráter, apesar de serem causadas por algo com que a pessoa nasceu e não consegue controlar.

Outro fator que contribui para a estigmatização é o sentimento negativo generalizado em relação a ter um distúrbio mental, assim como ao uso de medicamentos psiquiátricos, quando eles são prescritos. Também há o fato de que a sociedade tem a tendência de valorizar um alto rendimento nos estudos e no trabalho e o TDAH poder prejudicar tanto o desempenho acadêmico quanto profissional.

Quais danos a estigmatização do TDAH pode causar?

A estigmatização do TDAH se materializa em comportamento discriminatório em relação a quem tem as manifestações do transtorno e/ou a quem é sabidamente portador dele, o que pode provocar danos significativos na vida dessas pessoas, por exemplo:

  • Desenvolvimento de baixa autoestima e sentimentos de inadequação;
  • Isolamento social, já que as pessoas com TDAH podem ser julgadas, mal interpretadas ou excluídas de grupos sociais;
  • Atrasos no diagnóstico e no início do tratamento correto;
  • Dificuldade em buscar ajuda devido ao medo do julgamento ou da estigmatização;
  • Prejuízos nas relações interpessoais;
  • Prejuízos para a saúde mental devido ao desencorajamento de cuidar dela.

Quais problemas o TDAH sem tratamento pode causar em crianças, jovens e adultos?

Se não for tratado corretamente, o TDAH pode provocar uma série de problemas significativos e afetar várias áreas da vida da pessoa, seja qual for a idade dela, tais como:

  • Estudos – desempenho acadêmico fraco;
  • Comportamento – problemas como agitação, impulsividade e desobediência;
  • Relacionamentos – dificuldades em manter relacionamentos interpessoais na vida pessoal, acadêmica e profissional;
  • Trabalho – dificuldade em planejar, cumprir ordens, metas e prazos;
  • Problemas de saúde paralelos – aumento do risco de desenvolver comorbidades, como depressão e ansiedade.

Como é o tratamento do TDAH?

O tratamento do TDAH é abordado de forma multidisciplinar e individualizada, com base nas necessidades e características de cada pessoa. Pode envolver uma combinação de abordagens terapêuticas, tais como:

Terapia comportamental – abordagens terapêuticas, como a terapia comportamental cognitiva (TCC) e a terapia comportamental parenteral (TCP), podem ajudar a desenvolver habilidades de gerenciamento de sintomas, estratégias de organização e planejamento, e melhorar o autocontrole e a autorregulação.

Apoio educacional – pessoas com TDAH que estejam estudando podem se beneficiar de apoio educacional adicional, como planos de educação individualizados ou acomodações na sala de aula para ajudar a atender às suas necessidades acadêmicas.

Apoio psicossocial – o apoio da família e de amigos é crucial no tratamento do TDAH. O entendimento, o apoio emocional e a comunicação aberta são importantes para auxiliar a pessoa com TDAH a lidar com os desafios associados ao transtorno.

Medicação – o uso de medicamentos, como psicoestimulantes, pode ser indicado, principalmente, quando outras doenças neurológicas estão associadas. Embora, no Brasil, as diretrizes terapêuticas adotadas na rede pública de saúde foquem somente em terapia cognitivo comportamental, apoio escolar, orientação tanto para o paciente quanto para a família dele e hábitos alimentares.

Conteúdo relacionado

Como a sociedade vê o TDAH e como evitar os estigmas em relação ao transtorno?[MG1] 

Como o esporte ajuda na integração social de quem tem TDAH?[MG2] 

Por que é importante discutir sobre o TDAH?[MG3] 

Referências


Confira todos os CONTEÚDOS
Voltar ao topo