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Qual a relação entre TDAH e vícios?

 Estudos indicam que adolescentes e adultos com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) estão mais suscetíveis ao abuso ou dependência de álcool, nicotina e drogas ilícitas (Compulsão alimentar e vício por açúcar também podem ser considerados). No entanto, o tratamento adequado do transtorno na infância ajuda a diminuir o risco do uso problemático de substâncias no futuro. Continue a leitura para entender:

Existe uma conexão entre TDAH e vício?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico caracterizado por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele surge na infância e frequentemente acompanha a pessoa por toda a vida, podendo causar prejuízos acadêmicos, profissionais e sociais.

Uma das principais comorbidades relacionadas ao TDAH é o transtorno por uso de substâncias (TUS), que inclui dependência de álcool e outras drogas. Diversos estudos indicam a existência dessa conexão. Confira alguns dados encontrados:

  • Adultos com TDAH são duas a três vezes mais propensos ao abuso de substâncias do que a população geral;
  • Cerca de 25% dos adultos em tratamento para abuso de álcool e substâncias se enquadram no diagnóstico de TDAH;
  • Pessoas com TDAH tendem a iniciar o uso de álcool e drogas e álcool mais precocemente.

Vale ressaltar que nem todas as crianças com TDAH desenvolverão dependência de substâncias no futuro. Mas é importante que os pais estejam cientes dessa ligação e intensifiquem os esforços de prevenção, conscientizando os filhos sobre os riscos das drogas desde cedo e garantindo que eles recebam tratamento adequado para TDAH.

O que explica a conexão entre TDAH e vício?  

Embora não haja evidências definitivas que expliquem por que pessoas com TDAH são mais suscetíveis ao abuso de álcool e outras drogas, várias hipóteses foram propostas, incluindo as seguintes:  

Tentativa de amenizar os sintomas do TDAH – muitas pessoas com TDAH, sobretudo aquelas que não recebem tratamento, recorrem a substâncias para melhorar a atenção, o foco e a impulsividade, por exemplo. Esse tipo de “automedicação”, contudo, agrava os sintomas do TDAH.

Lidar com as implicações do TDAH – os sintomas do TDAH podem afetar a vida social, profissional e acadêmica, causando angústia, baixa autoestima e outros sentimentos negativos a quem sofre com a condição. Muitos desses problemas são fatores de risco para o abuso de substâncias.

Ligação genética – é possível que os genes associados ao comportamento de risco e à busca por novidades predisponham um indivíduo tanto ao TDAH como ao abuso de substâncias.

Existem outros fatores que aumentam o risco do desenvolvimento de vício, tais como:

  • Histórico de abuso de substância na família;
  • Coexistência de outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade;
  • Influência de pessoas próximas que usam drogas;
  • Problemas de relacionamento com a família;
  • Sentimento de desconexão com as pessoas ao redor.

Quais são os sinais de abuso de substâncias?

Quando uma pessoa possui dependência por qualquer tipo de substância, alguns sinais ficam evidentes. Eles incluem:

  • Compulsão pela substância e desejo constante de consumi-la.
  • Esforços malsucedidos para tentar ficar sem usar a substância;
  • Dificuldade para controlar a frequência e a quantidade ingerida;
  • Necessidade de aumentar continuamente as quantidades consumidas para atingir o efeito desejado;
  • Interferência no cumprimento das obrigações e nos relacionamentos interpessoais devido ao uso da substância;
  • Abandono de hábitos;
  • Agressividade e outras mudanças de comportamento;
  • Crises de abstinência;
  • Descuido com a aparência;
  • Desenvolvimento de outros transtornos mentais como depressão, ansiedade, crises de pânico e paranoias.

Importante – se houver suspeita de um problema com álcool ou drogas, é essencial procurar ajuda profissional.

Tratamento TDAH e vícios

O tratamento precoce do TDAH na infância ajuda a controlar os sintomas e evitar o impacto deles na vida do paciente, reduzindo, assim, a chance de abuso de substâncias na adolescência e na vida adulta. Além disso, o tratamento de problemas de saúde mental que geralmente acompanham o TDAH, como ansiedade e depressão, também é importante e pode diminuir o risco de dependência. 

O tratamento do TDAH pode envolver:

  • Psicoterapia – a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se terapia cognitivo-comportamental, com a aprendizagem de técnicas para o gerenciamento da condição;
  • Medicação – uma das escolhas do médico pode ser os medicamentos estimulantes, capazes de reduzir os sintomas do TDAH em cerca de 70% dos casos. Quando não há resposta a estimulantes, o profissional de saúde pode recomendar certos tipos de antidepressivos.

Quanto ao manejo do TDAH e do transtorno do uso de substâncias (TUS) concomitantes, é necessária uma avaliação abrangente que considere os dois diagnósticos, pois um interfere no outro. O tratamento simultâneo de ambas as condições pode ser a melhor abordagem.

A medicação para o TDAH pode causar vício?

Os medicamentos mais comumente prescritos para o TDAH são substâncias controladas, o que significa que têm o potencial de levar ao abuso e ao vício. Por causa disso, existe um equívoco comum de que é arriscado consumi-los. Na verdade, estudos indicam o oposto: pessoas diagnosticadas com TDAH que tomam a medicação conforme prescrita pelo médico são menos propensas ao uso indevido de substâncias do que aquelas que não recebem tratamento.

Além disso, não há evidências de que tomar medicamentos psicoestimulantes  para tratamento do TDAH com orientação médica torne o indivíduo mais propenso a desenvolver dependência. O risco aumentado é devido ao próprio transtorno, não à medicação estimulante.

Porém, no caso de pessoas com TDAH que já possuem um vício, o profissional de saúde pode recomendar que o tratamento seja feito com outros medicamentos, a fim de evitar o uso indevido.

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